Comunidade cigana do Ceará se movimenta para desfilar no Carnaval de SP
No senso comum, o movimento nômade é associado aos costumes do povo cigano. O hábito de viver sem território fixo gerou uma série de impressões míticas sobre os ciganos, criadas, geralmente, po...
No senso comum, o movimento nômade é associado aos costumes do povo cigano. O hábito de viver sem território fixo gerou uma série de impressões míticas sobre os ciganos, criadas, geralmente, por quem não traz essa referência em sua ancestralidade. No entanto, é a fim de se reconhecer e divulgar os traços de sua identidade que, agora, a comunidade cigana procura se organizar para participar do desfile "Bartali Tcherain - A estrela cigana brilha na Pérola Negra".

Preparado pela Escola de Samba Pérola Negra, da Vila Madalena (SP), o tributo será o primeiro desfile da programação do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, no dia 22 de fevereiro. No Ceará, o Instituto Cigano do Brasil, presidido por Rogério Ribeiro, da etnia calon, movimenta-se para viabilizar a participação da comunidade local e nacional no evento.

Dentre cerca de 20 mil ciganos do Estado, a ideia é levar em torno de 40 a 50 deles para o desfile no Anhembi (SP). O Instituto procura apoio junto à Secretaria da Cultura do Ceará, às prefeituras de Fortaleza e Sobral (CE), dentre outras instituições públicas, a fim de possibilitar a logística.

Desconstrução

O cearense Rogério Ribeiro atualiza que a luta da comunidade cigana para desconstruir estereótipos ainda é grande. Oportunidades como o tributo da Pérola Negra amenizam uma situação de exclusão "comum" aos ciganos: normalmente, eles estão fora do contexto das políticas públicas da cultura no Brasil.

"Nós cobramos editais específicos para a nossa cultura. Acho que os governos pecam muito em não efetivar as conquistas registradas nas conferências públicas (estaduais e municipais). Aqui, no Ceará, temos um diálogo com o Governo do Estado. Mas os editais ainda são abertos, generalizados. E precisamos de ajuda na elaboração de projetos. Um alto percentual (70%) do povo calon ainda é analfabeto".

"Não queremos que as pessoas nos vejam só como uma questão folclórica, com aquela imagem das ciganas batendo saia. Queremos inserir nosso povo nas políticas afirmativas", acrescenta Rogério.
Fonte: http://papelpanoticias.com.br/Publicacao.aspx?id=104220
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