Com pré-candidaturas fragmentadas, partidos buscam espaço na Região Metropolitana de Fortaleza
Por Alessandra Castro | 11 de Julho de 2020Mesmo com o adiamento das eleições para novembro, o período pré-eleitoral movimenta partidos da base governista e da oposição em municípios da Grande ...
Por Alessandra Castro | 11 de Julho de 2020
Mesmo com o adiamento das eleições para novembro, o período pré-eleitoral movimenta partidos da base governista e da oposição em municípios da Grande Fortaleza. Nem todas as pré-candidaturas, contudo, podem vingar.
Com pré-candidaturas postas à mesa na Capital - e outras em articulação -, partidos e lideranças políticas também têm se movimentado em municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) numa tentativa de conquistar mais territórios e eleitores. A RMF, inclusive, tem cidades estratégicas para algumas siglas, principalmente pelo grande potencial econômico e de eleitorado.
A disputa se reflete em pré-candidaturas fragmentadas, mas, em alguns casos, reproduz a organização das forças políticas colocadas na Capital. Em outros, as movimentações se dividem entre dois grupos políticos que, historicamente, são adversários eleitorais. Até as convenções partidárias, porém, os cenários podem sofrer alterações, já que ainda estão em curso tratativas para a formação de alianças.
Caucaia
Caucaia, o segundo maior colégio eleitoral do Ceará, com mais de 220 mil eleitores, por exemplo, é a única cidade em que é possível haver segundo turno no Estado, além de Fortaleza. Lá, várias pré-candidaturas estão sendo apresentadas. O prefeito Naumi Amorim (PSD), ligado ao grupo político de Domingos Filho (PSD) deve disputar a reeleição.
Aliado ao governador Camilo Santana (PT) e ao grupo governista, ele tende a contar com o apoio do PDT na disputa, como afirma o presidente da legenda no Ceará, deputado federal André Figueiredo. O dirigente pondera, contudo, que as negociações estão em andamento. As duas legendas hoje têm o maior número de prefeituras no Estado.
Outras lideranças também têm se movimentado. O Pros, presidido no Estado pelo deputado federal Capitão Wagner, lançou a pré-candidatura do deputado estadual Vitor Valim numa chapa a ser formada com o suplente de deputado federal Deuzinho Filho (Republicanos), que já foi vereador de Caucaia.
Para contar com o apoio de Deuzinho e do Republicanos, que no início do ano se apresentava como pré-candidato, o Pros ofereceu a cadeira de vice na chapa com Valim e a ocupação temporária de uma vaga na Câmara dos Deputados, assumindo a cadeira de Vaidon Oliveira, que tirou licença no início do mês. O PSC também deve compor a aliança, diz Capitão Wagner.
Tucanos
Apesar de terem dialogado com Wagner para tentar formar uma aliança no município, o PSDB e o grupo do deputado federal licenciado Roberto Pessoa anunciaram a pré-candidatura da vereadora Emília Pessoa pela legenda à Prefeitura de Caucaia.
O candidato a vice deve ser o ex-vereador Silvio Nascimento (Podemos), que ficou em terceiro lugar na disputa pelo comando da cidade em 2016. Em 2018, Emília Pessoa chegou a disputar a vice-governadoria do Estado na chapa com General Theophilo. Como não foram eleitos, ela voltou a exercer o cargo de vereadora, fazendo oposição a Naumi.
Outros
Inicialmente da base de Naumi Amorim, antes dele trocar o PMB, partido pelo qual foi eleito, pelo PSD, a vereadora Natécia Campos (PMB) é outra que se apresenta como pré-candidata na cidade. No ano passado, quando exercia o mandato de presidente da Câmara Municipal, ela autorizou a instalação de uma CPI contra o prefeito para apurar contratações feitas no início da gestão. No entanto, a CPI foi arquivada este ano pelo atual presidente do Legislativo.
O PT, partido do governador, também está de olho no comando do Município, e tem como pré-candidato o deputado estadual Elmano de Freitas. A sigla tem conversado com outras legendas de esquerda em busca de apoio à candidatura de Elmano - uma delas o PSB, que também tem um pré-candidato em Caucaia, o ex-candidato a prefeito Hipólito Índio, o Potim.
Presidente estadual do PSB, o deputado federal Denis Bezerra afirma que as tratativas ainda são iniciais, mas diz que podem caminhar para uma aliança ainda no primeiro turno. Com Naumi e Elmano como aliados, o governador Camilo Santana também precisará conciliar interesses da base em Caucaia, assim como em Fortaleza. Ainda no campo político da esquerda, o Psol lançou o cientista político e professor Rodrigo Santaella como pré-candidato.
Maracanaú
Em Maracanaú, onde está localizado o maior distrito industrial do Ceará, o PSDB deve tentar a sucessão do prefeito Firmo Camurça com o ex-prefeito e deputado federal licenciado Roberto Pessoa, apresentado como pré-candidato. O grupo dele governa a cidade há 16 anos. O Pros tende a compor a chapa com o postulante a vice, mas há diálogo também com outras siglas.
Na oposição, por sua vez, um dos pré-candidatos é o deputado estadual Júlio César Filho (Cidadania), que solicitou licença na última quinta-feira (9) do mandato na Assembleia Legislativa para se dedicar à disputa. O grupo político do parlamentar é o que, historicamente, rivaliza com a atual gestão, mas o PT também pode lançar um nome para o pleito. Júlio César deve ter o apoio de legendas como PDT e PSB.
Quanto ao possível apoio do governador, que também pode enfrentar saia- justa no Município se o PT lançar uma candidatura, Júlio César Filho destaca que tem um "diálogo constante" com Camilo.
Em Maranguape, o atual prefeito João Paulo Xerez (PDT) deve enfrentar um cenário inusitado na busca pela reeleição. O vice dele, Habraão Ramos (Pros), é o pré-candidato de Capitão Wagner à disputa no município. Os ex-gestores Átila Câmara (SD), aliado dos deputados Heitor Férrer e Genecias Noronha, e George Valentim (PSB), que conta com o apoio de Denis Bezerra, são colocados também como pré-candidatos.
São Gonçalo do Amarante
Em São Gonçalo do Amarante, outro município importante da Região Metropolitana de Fortaleza por abrigar o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, além de outras indústrias do segmento, o PDT também deve buscar a sucessão de Cláudio Pinho, com o ex-secretário do Município Elder Gurgel. Ele é o pré-candidato da situação para o pleito deste ano.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Ednaldo Croatá (MDB), é um dos pré-candidatos da oposição. Outro do Legislativo que também pode disputar o pleito na oposição é o vereador Marcelo Teles, também conhecido como Marcelão. Ele deixou o PSDC e se filiou ao Pros.
O PT também anunciou a professora Marneide Aires como pré-candidata. Quem também deve lançar uma mulher à disputa pela Prefeitura de São Gonçalo é o Progressistas (PP). A ex-deputada estadual Bethrose, que não conseguiu ser reeleita para a Assembleia Legislativa em 2018, anunciou nesta semana, nas redes sociais, que é pré-candidata ao Executivo.
Eusébio e Aquiraz
No município de Eusébio, o atual prefeito, Acilon Gonçalves (PL), deve buscar a reeleição neste ano. Ele compõe a base aliada do governador Camilo Santana. Contra a gestão municipal, até agora, apenas o Pros anunciou a pré-candidatura do vereador Chico do Posto ao Executivo.
O PL também está de olho em Aquiraz e deve comprar briga com o atual prefeito, Edson Sá, que trocou o MDB pelo PDT de olho na disputa. Ele deve concorrer à reeleição, enquanto o PL pretende lançar a pré-candidatura do deputado estadual Bruno Gonçalves, filho de Acilon Gonçalves, para concorrer à Prefeitura. O ex-prefeito de Aquiraz Dr. Guimarães (PTC) também é cogitado para ser apresentado como pré-candidato pelo PTC.
Em Horizonte, município que concentra várias fábricas calçadistas no Estado, o PSDB deve buscar a reeleição do prefeito Chico César. Lá, o PSB e o PDT se movimentam juntos para lançar um nome de oposição. A mulher do deputado Nezinho Farias (PDT), Jô Farias, é anunciada como pré-candidata pelo PSB. Ela já vinha sendo cotada desde o ano passado, depois que Nezinho rompeu com Chico César.
Fim das coligações
Com o fim das coligações para as eleições proporcionais, mais partidos têm buscado lançar candidaturas a prefeito para atrair os chamados votos de legenda, a fim de atingir o quociente mínimo para eleger vereadores.
Suplentes
Dessa forma, agora os suplentes dos vereadores serão os candidatos mais votados do partido que não forem eleitos, e não os mais votados da coligação, como ocorria anteriormente. Por isso, as legendas têm buscado nomes com musculatura para o pleito.